segunda-feira, 28 de setembro de 2020

A última cartada

 


No dia 06 de setembro em artigo publicado no Jornal O Estado de São Paulo, o ex-presidente FHC disse que foi um erro a aprovação da Emenda Constitucional nº 16 em 1997 beneficiando a todos os cargos executivos – Presidente, Governadores e Prefeitos – poderem ser reeleitos por mais um mandato de 4 anos.

FHC disse que o instituto da reeleição fez com que os executivos no poder ficassem tentados a terem projetos autoritários para poder se manter no cargo.

Precisamos primeiro entender quais seriam os pontos positivos e negativos da reeleição.

Em um país continental, com tantas divisões de poder e burocrático dificilmente um executivo consegue cumprir seu plano de governo. É muito natural uma obra ficar por anos esperando por uma autorização ambiental ou um projeto ficar parado no legislativo esperando pela boa vontade dos congressistas. A reeleição é positiva, pois dá tempo ao gestor conhecer a realidade do governo, planejar e executar.

Essa não é só a minha opinião, mas também a opinião do próprio FHC em entrevista ao jornalista Augusto Nunes, há menos de 5 anos atrás.

Por outro lado, se o executivo reeleito não oxigena sua equipe de governo, vemos uma queda de qualidade muito grande no 2º mandato, o que é muito ruim para uma cidade, Estado ou país e principalmente ao executivo, pois a última imagem é a que fica no imaginário do eleitor.

Quando FHC cita que o gestor faria de tudo para se manter no cargo, ele finge ignorar que quem está na cadeira leva muita vantagem, pois tem condições de realizar o que a população espera, enquanto os opositores, ficam apenas no discurso.

Outro ponto que FHC finge desconhecer é que a eleição de um sucessor é sempre mais complicada e custosa, basta ver os absurdos que ocorreram na campanha eleitoral de Dilma Rousseff em 2010.

FHC mente duas vezes! A primeira quando não assume que houve compra de votos, mesmo diante de tantas revelações e que essa atitude foi visando apenas beneficiar a ele mesmo.

Se FHC fosse tão altruísta como hoje ele tenta se passar, ele aceitaria indicar José Serra, por exemplo, como o seu candidato, ao invés de comprar votos no congresso.

A segunda mentira é o porque dessa mudança de postura de FHC! Está claro de que o problema é a falta de nomes para fazer frente a Jair Bolsonaro em 2022. Nenhum dos nomes testados até agora conseguiu ganhar a simpatia dos eleitores e por isso mesmo, FHC lança a última cartada com o apoio da imprensa, STF e deputados.

Se por um lado, FHC vai contra a reeleição de Bolsonaro que é constitucional, por outro lado, não dá um pio sobre a tentativa inconstitucional de Davi Alcolumbre e Rodrigo Maia tentarem a reeleição no Senado e na Câmara Federal.

FHC deu início a um movimento que certamente terá repercussão, pois interessa a muitas pessoas a saída de Bolsonaro antes de 2022, mas cabe a mim perguntar: Tá legal FHC, mas o Sr já combinou com o povo?


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