A decisão do plenário do STF em anular todos os processos julgados
contra o ex-presidente Lula, resultou na liberação do seu nome para estar apto
a concorrer em 2022.
Com uma lanterna nas mãos sai em busca de um especialista
jurídico isento que concordasse com a decisão. Andei em vão...
Em um Brasil repleto de especialistas que possuem um oceano
de conhecimento com um palmo de altura, me coloco como um mero cientista
político, proprietário de Instituto de Planejamento Estratégico, que embasa
suas análises não nos desejos íntimos e pessoais, mas nas opiniões de milhares
de pessoas entrevistadas semanalmente pelo IBESPE. Meu maior desafio é
condensar tantas opiniões e tentar traduzi-las em observações.
Noto que a grande mídia se engana quando avalia que os
brasileiros estão cansados da polarização! Ela não percebe que os eleitores se
fixam ao lado de Bolsonaro e a esquerda mais radical, possivelmente,
capitaneada por Lula e o PT, por não vislumbrar outro ator político de maior
peso.
Entre esses dois candidatos não existem candidatos de
centro. Não por ausência de personagens, mas pelo simples fato de não existir
centro na política e na vida! Ninguém tem a capacidade de ser morno e isento a
todas as questões. A ideologia e o dinheiro sempre empurram a pessoa para um
dos lados.
Atualmente, os candidatos que se apresentam entre os dois
nomes não têm capital político, votos! E mais do que isso: todos, menos Lula e
Bolsonaro, ainda podem possuir esqueletos no armário e que certamente, darão as
caras em uma eleição.
As “pesquisas eleitorais” apresentadas não trazem nenhum
tipo de informação, pois esses dados – voto espontâneo e voto estimulado – são os
menos importantes dentro de um diagnóstico eleitoral honesto! São apenas duas
folhas entre as trezentas que um estudo simplificado deveria ter.
Dizer que Lula vence Bolsonaro ou que Bolsonaro vence Lula é
pura especulação! Eleição tem início, meio e fim!
Após 3 anos, posso revelar um pouco dos números de 2018,
pois como um instituto técnico, não divulgamos dados de estudos eleitorais.
Bolsonaro se mantinha a frente, porém sofria resistência de
uma parte do eleitorado que não sabia de que lado ficar, enquanto a esquerda
fincava o pé no terreno de Haddad.
Com apenas 8 segundos na televisão, Bolsonaro teve
crescimento extraordinário após o atentado sofrido em 6 de setembro de 2018.
Eleitores médios, que são aqueles que não se envolvem com a
política de forma metódica, descobriram um candidato que tinha uma “missão” e
que o “sistema” queria derrubá-lo de qualquer forma.
Hoje, nossos estudos apontam que 65% dos brasileiros, em sua
grande maioria, eleitores médios, acompanham as notícias através da grande
mídia, principalmente pela TV, e não precisa de Agenda setting (estudo
que analisa as tendências das notícias) para saber que Bolsonaro não tem um
tratamento tranquilo pelas emissoras.
Se um eleitor desejar saber se existe algum fato positivo no
governo de Bolsonaro, ele deverá recorrer as redes sociais do próprio
Presidente.
No filme das eleições de 2022, Bolsonaro e Lula, interpretarão
o papel de Mocinho e Bandido, dependendo apenas de qual lado o eleitor esteja.
Teremos muita ação e discussão, porém, a lei eleitoral dará tempo para que
Bolsonaro apareça forçosamente na grande mídia para falar do seu governo e suas
realizações.
Lula pode ter todos os defeitos do mundo, mas não é burro e
sabe disso! O ex-presidente sabe também que um político morre duas vezes, a primeira
quando descobre nas urnas que os eleitores não o querem mais e a segunda, quando
o destino o retira da vida terrena.
A sua absolvição tem potencial de um segundo atentado contra
Bolsonaro, apontando aos eleitores médios, que não desejam Lula e tinham alguma
dúvida em depositar mais quatro anos de mandato ao Presidente, que o sistema
novamente tentou prejudica-lo e que ele deve vencer.