sexta-feira, 16 de abril de 2021

O novo atentando contra Bolsonaro

 


A decisão do plenário do STF em anular todos os processos julgados contra o ex-presidente Lula, resultou na liberação do seu nome para estar apto a concorrer em 2022.

Com uma lanterna nas mãos sai em busca de um especialista jurídico isento que concordasse com a decisão. Andei em vão...

Em um Brasil repleto de especialistas que possuem um oceano de conhecimento com um palmo de altura, me coloco como um mero cientista político, proprietário de Instituto de Planejamento Estratégico, que embasa suas análises não nos desejos íntimos e pessoais, mas nas opiniões de milhares de pessoas entrevistadas semanalmente pelo IBESPE. Meu maior desafio é condensar tantas opiniões e tentar traduzi-las em observações.

Noto que a grande mídia se engana quando avalia que os brasileiros estão cansados da polarização! Ela não percebe que os eleitores se fixam ao lado de Bolsonaro e a esquerda mais radical, possivelmente, capitaneada por Lula e o PT, por não vislumbrar outro ator político de maior peso.

Entre esses dois candidatos não existem candidatos de centro. Não por ausência de personagens, mas pelo simples fato de não existir centro na política e na vida! Ninguém tem a capacidade de ser morno e isento a todas as questões. A ideologia e o dinheiro sempre empurram a pessoa para um dos lados.

Atualmente, os candidatos que se apresentam entre os dois nomes não têm capital político, votos! E mais do que isso: todos, menos Lula e Bolsonaro, ainda podem possuir esqueletos no armário e que certamente, darão as caras em uma eleição.

As “pesquisas eleitorais” apresentadas não trazem nenhum tipo de informação, pois esses dados – voto espontâneo e voto estimulado – são os menos importantes dentro de um diagnóstico eleitoral honesto! São apenas duas folhas entre as trezentas que um estudo simplificado deveria ter.

Dizer que Lula vence Bolsonaro ou que Bolsonaro vence Lula é pura especulação! Eleição tem início, meio e fim!

Após 3 anos, posso revelar um pouco dos números de 2018, pois como um instituto técnico, não divulgamos dados de estudos eleitorais.

Bolsonaro se mantinha a frente, porém sofria resistência de uma parte do eleitorado que não sabia de que lado ficar, enquanto a esquerda fincava o pé no terreno de Haddad.

Com apenas 8 segundos na televisão, Bolsonaro teve crescimento extraordinário após o atentado sofrido em 6 de setembro de 2018.

Eleitores médios, que são aqueles que não se envolvem com a política de forma metódica, descobriram um candidato que tinha uma “missão” e que o “sistema” queria derrubá-lo de qualquer forma.

Hoje, nossos estudos apontam que 65% dos brasileiros, em sua grande maioria, eleitores médios, acompanham as notícias através da grande mídia, principalmente pela TV, e não precisa de Agenda setting (estudo que analisa as tendências das notícias) para saber que Bolsonaro não tem um tratamento tranquilo pelas emissoras.

Se um eleitor desejar saber se existe algum fato positivo no governo de Bolsonaro, ele deverá recorrer as redes sociais do próprio Presidente.

No filme das eleições de 2022, Bolsonaro e Lula, interpretarão o papel de Mocinho e Bandido, dependendo apenas de qual lado o eleitor esteja. Teremos muita ação e discussão, porém, a lei eleitoral dará tempo para que Bolsonaro apareça forçosamente na grande mídia para falar do seu governo e suas realizações.

Lula pode ter todos os defeitos do mundo, mas não é burro e sabe disso! O ex-presidente sabe também que um político morre duas vezes, a primeira quando descobre nas urnas que os eleitores não o querem mais e a segunda, quando o destino o retira da vida terrena.

A sua absolvição tem potencial de um segundo atentado contra Bolsonaro, apontando aos eleitores médios, que não desejam Lula e tinham alguma dúvida em depositar mais quatro anos de mandato ao Presidente, que o sistema novamente tentou prejudica-lo e que ele deve vencer.


terça-feira, 6 de abril de 2021

O mundo paralelo dos políticos

 


- João, suas pesquisas não detectaram o que está acontecendo aqui embaixo?

Anos atrás, um político muito importante de Brasília me confidenciou que, em 20 de junho de 2013, a então Presidente Dilma Rousseff, ao ver manifestantes chegando de forma feroz no Palácio do Planalto, ligou para o consultor político João Santana cobrando explicações.

Não há como confirmar se realmente esse diálogo ocorreu ou se é apenas mais uma das lendas urbanas políticas brasileiras, porém, ele mostra algo que é normal e, infelizmente, cada vez mais rotineiro entre os políticos no Brasil.

Políticos são seres humanos comuns e por confiança, sempre se alimentam de informações do seu círculo mais íntimo que por muitas vezes evitam a dura realidade das críticas. Temos que entender que para os amigos e assessores é mais seguro, por motivos profissionais, financeiros ou afetivos, omitir alguma notícia negativa ao seu líder.

Em 2012, com a chegada das redes sociais, o círculo de “assessores” se multiplicou e, a terceirização do gerenciamento das plataformas, afastou ainda mais o político da opinião real dos eleitores.

A máxima de que “todo mundo está dizendo que” virou uma realidade! A disputa por hashtags e trending topics se tornou algo insano e não representam em nada a opinião dos eleitores em geral. Muito pelo contrário!

Em estudos nacionais realizados aqui pelo IBESPE demonstramos que 24% dos eleitores dizem não ter acesso regular a internet. Dos 76% que dizem possuir, 16% afirmam não ter redes sociais e 37% não veem o assunto política nas redes. Para piorar ainda mais, notamos que os seguidores de uma linha de pensamento ficam apenas em sua bolha, reduzindo ainda mais o alcance de uma mensagem política nas redes sociais. Outro ponto fundamental para essa análise, é entender quais são as redes sociais da sua cidade e estado que mais os eleitores fiéis e potenciais acessam para os assuntos políticos. E mais! Os eleitores querem cada vez mais por políticos com posicionamento! Ter atenção ao conteúdo e a forma de transmitir a sua mensagem é fundamental. Enfim, são tantas variantes que acabam para reduzir demais o alcance das mensagens!

A insanidade de delegar uma campanha e um mandato exclusivamente para as redes sociais é crescente! Chegamos ao absurdo de Senadores da República perguntarem a opinião de seguidores em uma votação em plenário! Esses políticos devem ser conscientes de que não há dificuldade de forças externas e contrárias a eles criarem grupos de pressão e desvirtuar a sua votação.

Sempre deixo muito claro de que as redes sociais são importantes e complementares, mas foram alçadas ao nível essencial pelos políticos de forma irresponsável.

Notamos através de estudos que a desconexão dos políticos com a temperatura das ruas é crescente!

A forma mais confiável de buscar informações e entender o real sentimento dos eleitores continua sendo através de pesquisas de opinião. Porém, pesquisas devem ser profundas, densas, com planejamento geográfico e com análises técnicas para embasarem as estratégias políticas, até mesmo da atuação do político nas redes sociais.

Voltando a possível história do início do texto, temos um dilema: Se as pesquisas de João Santana não detectaram é por que foram mal feitas e se detectaram, Santana não foi sincero em avisar Dilma que algo muito ruim poderia acontecer.

Nós do IBESPE, em abril de 2013, em pesquisa realizada na cidade de São Paulo, apesar da aprovação de 65% de Dilma, notamos que algo muito ruim poderia acontecer. Em análise retrospectiva, 78% dos eleitores acreditavam que o Governo Dilma era pior do que o Governo de Lula e em análise prospectiva, 82% acreditavam que se continuasse da forma que estava, o Brasil iria piorar.