segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Os 100 dias do Governo Bolsonaro

De acordo com nossas pesquisas, 65% dos brasileiros estão esperançosos com o novo governo. Esse é um dado muito positivo após o início conturbado do governo passado. Após os problemas apresentados pela social democracia e do Estado como gerente e gestor, pela primeira vez no Brasil teremos um governo com intenções liberais. Em um país onde a população se acostumou a receber “benesses” do Governo, ignorando que elas são pagas com o seu próprio dinheiro através de impostos, Jair Bolsonaro e Paulo Guedes têm uma árdua missão. Fazer em 100 dias de governo a população, o mercado e mídia perceberem que o caminho está correto. Na minha opinião, o reflexo desse novo tempo aparecerá já nas eleições de 2018. No sucesso, com a eleição de prefeitos com visão mais liberal ou no fracasso, com a eleição de prefeitos com visão mais estatizante.

Pesquisa IBESPE sobre Privatização

Nos dias 04 e 05 de janeiro de 2019, nós aqui do Instituto IBESPE realizamos um estudo para entender o que os brasileiros pensam sobre o tema PRIVATIZAÇÃO. Esse estudo detectou que 57% dos brasileiros são contra a privatização das empresas públicas. Esse é um dado que fica muito parecido com o de outras pesquisas já realizadas sobre esse mesmo tema. Porém, nesse estudo nós realizamos a técnica de perguntas projetivas. E o que vem a ser isso? Perguntas projetivas são questões colocadas sobre um assunto para entender ou aprofundar sobre outro assunto. Vamos a elas: Nós quisemos saber se os entrevistados acreditavam que as empresas públicas sofriam influência de políticos em nomeações ou decisões. 89% entendem que sim. Que os políticos influenciam diretamente nas empresas públicas. Quisemos entender também se os entrevistados concordam com essa influência, se acham ela benéfica. 92% são contra os políticos influenciarem nas empresas públicas. Acham isso ruim para a empresa pública. Outro assunto também que quisemos entender foi com relação a eficiência das empresas públicas. 72% entendem que as empresas privadas são mais eficientes. Como sempre afirmo em todas as oportunidades que tenho, pesquisas não foram criadas para satisfazer ideologias, buscar manchetes de jornais ou influenciar a opinião pública e por isso fazemos questão sempre de aprofundar em um tema. Percebam que, apesar da maioria ser contra a privatização das empresas, elas dão razão aos defensores dessa narrativa que querem mais eficiência, redução do tamanho do Estado e menos influência política no Estado. Por isso, na minha opinião, se é de interesse do Governo Federal, Governos Estaduais e Municipais privatizarem, com uma campanha eficiente de comunicação, será fácil mostrar a necessidade para a população em geral.

Temas polêmicos na visão da pesquisa Datafolha

O Datafolha realizou nos dias 18 e 19 de dezembro pesquisa sobre 3 temas muito discutidos: A liberação das armas de fogo no Brasil, Educação Política e Sexual nas escolas. Começando pelo tema liberação de armas de fogo, de acordo com a pesquisa, notamos 61% é contra, ou seja, a maioria. Esse é um tema muito conflitante, pois à população tem pouco conhecimento sobre o assunto. Apenas um exemplo: Nós do IBESPE realizamos pesquisa no mês de setembro 2018 para saber se as pessoas sabiam a diferença entre POSSE e PORTE de armas. E sabe qual foi o resultado? Apenas 16% souberam distinguir entre Porte e Posse de armas. POSSE é o direito da pessoa ter em casa uma arma para, ocasionalmente, se defender. Um sitiante, por exemplo, que tiver o seu sítio invadido. PORTE é o direito da pessoa andar armado na rua, por exemplo. Em 2005 o Governo Lula realizou referendo sobre a proibição da comercialização de armas de fogo e munição no Brasil. 63,9% dos brasileiros foram favoráveis a terem acesso as armas. Apesar do resultado, o governo criou vários obstáculos para quem deseja ter uma arma. O que me chama atenção é que em 2005, 63,9% votaram a favor e em 2013 na pesquisa Datafolha apenas 30% eram favoráveis. Hoje está em 37%! O que ocorreu durante esses anos para a aprovação cair mais de 30 pontos percentuais? Eu não sei! Outro ponto que me chama atenção no Brasil é a tentativa de criminalizar o objeto “arma de fogo” em detrimento do criminoso. Para quem gosta de história, Ramon Mercander matou León Trostski com uma picareta! Ou seja, quando alguém tem a finalidade de assassinar alguém, o objeto é apenas o meio. Eu, Marcelo, jamais teria uma arma em casa, mas não sou contra o direito daquele sitiante do início da minha fala se defender, ou você acha que se ele ligar para o 190 lá do meio do mato haverá tempo hábil para a polícia chegar? Agora, falando sobre os outros 2 temas, a discussão sobre Sexo em sala de aula tem aprovação de 54% dos entrevistados e o tema Política, 71%. Como a pesquisa tem margem de erro de 2 pontos percentuais, tecnicamente, a população está dividida no tema sexo, porém, sobre política, a população está bem convicta. Essa aprovação cresce de acordo com o grau de escolaridade dos entrevistados e também entre as mulheres. Apenas um dado interessante o Datafolha não fez o recorte das pessoas diretamente interessadas no tema: os pais de alunos! Pois é: Sou pai de 2 meninos em idade escolar e acho que entre os defensores da Escola sem Partido e os amantes de Paulo Freire existe uma população incapaz de fazer as 4 operações matemáticas e o Brasil tem pressa de crescer. Não podemos ter ideologia na educação e nem nas pesquisas!

A 1ª semana de Bolsonaro

Em março de 2016, quando Marina Silva liderava as pesquisas com 24%, eu era certamente um dos únicos analistas políticos que indicavam Jair Bolsonaro que pontuava, no máximo 5%, como o pré-candidato com maior potencial de vitória nas eleições de 2018. Essa minha afirmação era formulada pautada em metodologia científica e histórica, pois desde as manifestações de 2013, o Brasil, em sua maioria liberal na economia e conservadora nos costumes, buscava por alguém com esse perfil. As pautas e o discurso de Bolsonaro eram aqueles que mais se encaixavam com as demandas da maioria da sociedade brasileira. Achar que a vitória foi o resultado da “simplicidade” da campanha ou a “informalidade” do então candidato é no mínimo desonestidade intelectual, mas isso foi também um tempero positivo para a imagem de Bolsonaro Porém, governar o Brasil, que é um país complexo e com tantas medidas urgentes a serem tomadas, Bolsonaro deve seguir a cartilha dos grandes líderes da história: Falar pouco, porque o silêncio demonstra sabedoria e ter planejamento nas ações e nos discursos. A informalidade não deve ser confundida com desorganização! Por isso, na minha opinião, essa primeira semana de governo de Jair Bolsonaro foi marcada pela falta de sintonia dos discursos e o excesso de egolatria de sua equipe. A sociedade está cada vez mais feliz nas redes sociais e infeliz na vida real e o meio político parece ter entrado nessa onda. Bolsonaro deve aproveitar os 6 primeiros meses de seu mandato, ainda com alta popularidade para fazer o que Maquiavel ensinou: “Quando fizer o bem, faça-o aos poucos. Quando for praticar o mal, é fazê-lo de uma vez só.” Ele deve tomar decisões que possam ter alguma repercussão negativa no momento, mas muito positiva para história. A oposição e a mídia também devem entender o seu real papel na democracia e buscar discussões mais importantes do que cores e vestidos. Enfim, a campanha eleitoral acabou e o Brasil precisa trabalhar!

Quando e por quê fazer pesquisas

Políticos de sucesso usam pesquisas como ferramenta de planejamento de sua campanha ou de sua gestão. Pesquisas devem ser realizadas apenas quando você precisa entender o que a população pensa. Infelizmente, alguns políticos ouvem demais seus assessores e amigos e pouco os eleitores, por isso, monitorar o que eles pensam sobre você e sua cidade é de suma importância. Por isso quero falar sobre a importância de saber a opinião da população sobre a avaliação de governo. Esse é um dado fundamental para saber se a população deseja mudança ou a manutenção do poder em sua cidade e para isso precisamos de dados técnicos. Aqui no IBESPE, a cada eleição, nós realizamos estudos de parâmetros das avaliações municipais e os seus resultados. Até as eleições de 2016 nós tínhamos o seguinte padrão: prefeitos com aprovação abaixo de 34% perdiam a eleição, de 35% a 50% tinham 60% de sucesso e acima de 50% aprovação, 100% de sucesso. Porém, em 2016 tivemos uma mudança desse padrão que iremos confirmar agora em 2020. Os resultados foram os seguintes: prefeitos com aprovação abaixo de 26% perderam as eleições, de 27% a 41% tiveram 50% de sucesso e acima de 42%, 100% de sucesso. Apenas para citar um exemplo prático, em 2012 em uma cidade que tinha o domínio histórico de um grupo político e onde o candidato do governo tinha quase todos os partidos com ele, nós identificamos que o prefeito, que era desse grupo, tinha aprovação total de apenas 14%, mas em algumas regiões da cidade ele tinha uma ótima aprovação. Então, nossa estratégia foi focar em todas regiões onde ele tinha aprovação abaixo de 30%, pregando mudança do início ao fim da campanha. Apesar das dificuldades financeiras e desigualdade do número de vereadores para divulgar a campanha, acabamos vencendo a eleição. Resumindo: Com o apoio das mídias digitais, a população está mais ciente e crítica às gestões, mas ainda tem medo de grandes mudança, mas começa a perder esse medo! Por isso, identificar como a população avalia o governo de sua cidade em cada bairro, é importantíssimo para entender qual a estratégia e discurso correto a ser tomado desse o início de 2019 até o final das eleições.