quarta-feira, 10 de março de 2021

Obrigado Fachin!

 


A decisão monocrática do Ministro do STF Edson Fachin, considerando incompetente a 13ª Vara Federal de Curitiba para o julgamento do ex-presidente Lula, chacoalha de forma brutal o xadrez político para 2022.

Lula, falando em nome do PT, já havia indicado o ex-prefeito da cidade de São Paulo, Fernando Haddad, como o candidato do Partido dos Trabalhadores para 2022. Essa ação deixou muito claro de que o PT, para a sua própria sobrevivência, sabe que precisa ter um nome para a eleição presidencial ou, após todos os casos de corrupção, reduzirá ainda mais de tamanho e importância na política nacional.

Essa atitude de Lula se transformou em um grande obstáculo para as pretensões de um movimento muito bem coordenado, com atores de dentro e de fora da política tradicional e que conta com muito apoio da grande mídia.

Intitulado como Frente Ampla, esse movimento tenta de todas as formas ocupar o estreito espaço entre a esquerda petista e a direita bolsonarista.

O movimento sabe que as pautas identitárias (racismo, feminismo, igualdade de gênero, aborto, entre outras) defendidas pela esquerda (PT, PSOL, etc) não têm apelo aos eleitores médios e que as pautas conservadoras defendidas por Bolsonaro são mais aceitas, porém, o Presidente poderá sofrer algum abalo eleitoral com os resultados sanitários e econômicos da pandemia.

A organização da Frente Ampla chama a atenção pela sua dimensão e poderio financeiro e político e embasada em pautas universais (saúde e emprego para todos, etc.) começava a indicar a possível união de Ciro Gomes (PDT) como cabeça de chapa e Eduardo Leite (PSDB), Governador do RS, como vice.

A escolha de Ciro Gomes é a tentativa de criar um “Bolsonaro” da esquerda e sua missão seria ficar a frente de Haddad para chegar ao 2º turno das eleições com Jair Bolsonaro.

Com a entrada de Lula no jogo o potencial de crescimento da Frente Ampla reduz ainda mais, afinal, o ex-presidente carrega consigo o recall de 8 anos de mandato e uma boa imagem para uma parcela dos eleitores brasileiros.

A estratégia da Frente Ampla começa a cair por terra, pois aumenta de forma considerável a tendência de polarização entre Lula e Bolsonaro formando o 2º turno das eleições de 2022.

Lula agradece a (in) justiça brasileira pela sua soltura e agradece ainda mais Fachin por lhe tornar elegível.

Porém, quem mais agradece a decisão de Fachin é Jair Bolsonaro que não precisará mudar a estratégia antipetista que o colocou na cadeira em 2018, o que dá a ele chance muito maior de vitória nas eleições.

Ao Presidente cabe prestar atenção às próximas movimentações da justiça e da oposição que são cientes do quadro descrito acima e, valerá tudo para impossibilitar a sua reeleição.

terça-feira, 2 de março de 2021

O Público está matando o Privado

 

Nos últimos 30 anos o número de servidores públicos – municipais, estaduais e federais – aumentou em mais de 100%, passando de 5 milhões para cerca de 12 milhões de servidores.

Se na década de 80 o funcionalismo público representava 3,7% da população brasileira, atualmente esse número chega a aproximadamente 6,0%!

Quando analisamos por entes federativos notamos, que nesse mesmo período, o aumento de servidores do Governo Federal foi de 28%, dos Estados 50% e nos municípios, quase 280%!

No quesito aposentados e pensionistas, de acordo com os dados oficiais, temos hoje cerca de 31 milhões de pessoas recebendo seus benefícios previdenciários. O Brasil, conhecido por estar entre os países onde as pessoas se aposentam mais prematuramente, assiste exemplos de pessoas que têm mais tempo recebendo benefício do que de trabalho contribuindo para o sistema previdenciário.

Em se tratando de benefícios, o que dizer do Bolsa Família? Os dados oficiais apontam para 67 milhões de beneficiários!

Em resumo, os números mostram a influência do Estado sobre os brasileiros chegando a absurdos 52,4% da população! Vejamos:

- 12 milhões de servidores públicos (5,7% dos brasileiros)

- 31 milhões de aposentados e pensionistas (14,8% dos brasileiros)

- 67 milhões de beneficiários do Bolsa Família (31,9% dos brasileiros)

Se somarmos a esse grupo majoritário os 54 milhões de jovens abaixo de 18 anos chegamos a 164 milhões de pessoas ou 78,1% dos brasileiros!

A triste conclusão é que hoje, 46 milhões de brasileiros (21,9% da população) busca de alguma forma produzir para que toda essa máquina não pare e é quem mais sofre com as medidas governamentais restritivas durante a pandemia, pagando com o emprego, redução de salário, fechamento de empresas, queda de faturamento, etc.

Ficam aqui alguns questionamentos:

Qual é a contribuição dos 78,1% da população durante esse período?

Houve redução de salário do funcionalismo? Desconto nas aposentadorias? Redução do valor do Bolsa Família?

São questões importantes a serem pensadas quando se for levantar alguma crítica ou punição contra um simples sorveteiro de 35 anos, pai de família, impedido de tentar ganhar o seu sustento na rua.