sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Países Escandinavos: Felizes e Depressivos

 

Países escandinavos lideram o ranking subjetivo dos países “mais felizes do mundo”, porém se destacam no ranking real de casos de depressão e suicídio. Apenas como comparativo, a média de suicídios nesses países é de 15 casos por 100 mil habitantes, enquanto no Brasil, 6,9!

Esse paradigma é muito complexo para ser explicado de forma simplificada e além de estudar sobre o assunto, busquei por lembranças de viagens que fiz a essa região do planeta.

Entendo que a visão de um turista sofre influência da sua educação, cultura, experiência de vida, formação acadêmica, profissão, etc. Um paisagista, por exemplo, terá naturalmente os olhos mais atentos para praças e jardins de um local. Como cientista político e proprietário de um instituto de pesquisas, não consigo deixar de tentar entender o modo de vida das pessoas, o sistema político, a educação, a cultura, etc. Conversar muito com seus habitantes, resulta em várias “pesquisas qualitativas” através de entrevistas em profundidade.

A união dessas experiências me faz acreditar que três fatores são mais contundentes para tentar entender esse paradigma: natureza, governo e aspectos transcendentais.

Os países escandinavos em boa parte do ano têm apenas duas horas de claridade, ficando praticamente o dia todo na escuridão. Soma-se a falta de luz natural, temperaturas absurdamente baixas, chegando a 20 graus negativos em boa parte do ano.

A natureza obriga as pessoas a ficarem mais reclusas e a vida em família ou sozinha, sem o contato com outras pessoas, faz com que as pessoas aos poucos fiquem mais frias e individualistas. No Brasil sentimos esses efeitos perversos durante a pandemia!

Em relação ao modelo de governo sou obrigado a contextualizar.

Até 1950 os países escandinavos eram essencialmente agrícolas. De 1950 a 1970, as pessoas e não os governos, criaram várias indústrias, muitas delas nas áreas de tecnologia e telefonia, entre elas, campeãs mundiais, tais como a Ericsson e Nokia, experimentando tempos férteis e de muita riqueza.

A riqueza despertou um certo ar de culpa por diferença sociais e os países escandinavos decidiram eleger partidos sociais democratas.

De forma simplificada, a social democracia é uma pequena evolução do socialismo marxista, com visão coletivista. Essa modalidade de governo promete disponibilizar serviços universais de qualidade e reduzir as desigualdades sociais. É o que temos no Brasil desde a promulgação da Constituição de 1988 e que perdura até dos dias atuais.

Para tentar atingir os seus objetivos, as sociais democracias precisam de muito dinheiro. Enquanto os países escandinavos tem carga tributária média de 43%, no Brasil temos 32%, porém, a qualidade dos serviços públicos daqueles países está muito acima dos nossos.

A diferença de 11 pontos percentuais a mais de carga tributária dos países escandinavos não é o único detalhe para explicar tamanha diferença entre a qualidade dos serviços. A aplicação correta desses recursos também pode ser determinante.

No ranking da Transparência Internacional, com notas de Zero a 100, onde zero é Totalmente Corrupto e 100, Totalmente Honesto, o Brasil tem nota 38 e os países escandinavos, 86!

Outro ponto, talvez seja a nossa burocracia! Na educação pública brasileira, praticamente 60% dos servidores estão dentro de gabinetes, enquanto 40% estão na linha de frente.

Lembrando de Margareth Thatcher, a social democracia na Escandinávia deu sinais de esgotamento em 1990, quando o dinheiro começou a minguar e a Suécia, por exemplo, iniciou, paulatinamente, a redução do tamanho do Estado.

As sociais democracias, como todos os governos de esquerda, além das altas cargas tributárias, avançam sobre as liberdades individuais. Porém, para ter boa aceitação da população, adotam atitudes liberalizantes e frívolas (descriminalização das drogas, aborto, etc.). O consumo de drogas e álcool entre os jovens desses países explodiu e hoje representa 80% dos casos de suicídio.

A Suécia, por exemplo, no início da década de 80, aprovou lei facilitando o divórcio, com o agravante de liberar os pais a não pagarem pensão aos filhos e o resultado é drástico até hoje! A média de divórcio nesses países é 5 vezes maior que no Brasil!

Em um mundo normal onde os pais educam e a escola ensina, documentários mostram as escolas da Finlândia sem obrigações (provas e lições de casa) e seus profissionais afirmam que a verdadeira missão para com os alunos é fazer com que eles sejam felizes!

Sim, o documentário falando das “maravilhas” da educação pública da Finlândia é do mesmo diretor que produziu outro documentário, falando das “maravilhas” do sistema público de saúde cubano, algo que conheci, não como turista, mas trabalhando, Sr Michael Moore.

Menos casamentos, menos filhos, mais divórcio, mais álcool, sexo, drogas, festas, todos os tipos de serviços “gratuitos”, enfim, estamos frente ao Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley!

Em relação ao terceiro fator, o transcendental, notamos que os países escandinavos estão entre aqueles que menos acreditam em Deus.

A perda de contato com algo superior e a ausência de responsabilidade com algo ou alguma coisa para estar sempre em busca da pílula da felicidade termina sempre de modo muito frustrante.

A felicidade é o caminho e não um ponto de chegada!

Em casa e sem sentido na vida, a Escandinávia não é um exemplo para o Brasil, mas estamos tentando segui-los.