segunda-feira, 27 de maio de 2019

As manifestações são do povo!

Resultado de imagem para manifestação 26 de maio 2019

A imprensa e a política tradicional não entenderam que há algo de novo no ar.
As opiniões divididas dos comentaristas políticos mais reconhecidos do Brasil e também da visão dividida dos políticos tradicionais com relação às pautas, bem como os possíveis resultados, mostram dificuldade em entender que o Brasil, caseiro e silencioso, decidiu sair as ruas e falar.
Há uma verdade absoluta!
As ruas sempre foram da esquerda! Primeiro porque as pautas sempre foram simpáticas à maioria da população e da imprensa. A luta pelos chamados direitos é e sempre será muito bem vinda.
Por ou lado, a esquerda sempre teve maior poder de mobilização e nos últimos 20 anos conseguiu fonte de financiamento capaz de turbinar pessoas com maior facilidade.
Após as manifestações de 2013, a população branca e gorda, vestida de verde amarelo (palavras preconceituosas e mal-educadas de Juca Kfouri), resolveu sair as ruas e mostrar que os direitos tão reclamados são financiados pela própria população e não há mais espaço para tantos direitos e tão poucos deveres.
Enquanto criticam os poucos bilionários do país e fazem comentários elogiosos aos mais pobres, imprensa e políticos se esquecem da chamada burguesia, cidadãos que vivem nas cidades (burgus) que trabalham, conseguem gerar riqueza e melhorarem um pouco sua vida.
Uma boa parte tem filhos na escola privada, convênio médico, conseguiu comprar seu carro e sua casa através de financiamentos com juros escorchantes! Tudo através do seu trabalho. Sem roubar ou ganhar nada de ninguém.
Em compensação, paga altos impostos para financiar uma máquina pesada chamada Estado e serviços que ele não usa (saúde e educação pública, transporte público, etc) e altos juros bancários para financiar cinco famílias, amigas de todos os poderes.
Uma parcela significativa da sociedade decidiu brigar por um país onde o Estado seja servidor e que honre os impostos que retira da população.
Ver manifestações a favor da reforma da previdência e do pacote anti-crime deveria ser algo a ser comemorado, pois todos ali estavam pensando em um Brasil melhor para todos no futuro.
A eleição de Jair Bolsonaro foi disruptiva! Quebrou uma séria histórica da esquerda e poderá fazer história se as pautas defendidas nas ruas, forem assumidas por ele.
As manifestações não são de Jair Bolsonaro! Não mudam a necessidade de um bom relacionamento com o Congresso que foi eleito também pelos mesmos brasileiros que o elegeram.
As ruas estão mostrando para ele onde focar! A maioria silenciosa espera por esse foco!
As demandas não mudarão e se o Presidente não assumi-las, ele terá novos opositores.

terça-feira, 21 de maio de 2019

Nem tudo que reluz é ouro.

Resultado de imagem para nem tudo que reluz é ouro

Enquanto o Brasil se ocupa em discutir a Reforma da Previdência, manifestações pró e contra o Governo Bolsonaro e contingenciamento do orçamento dos ministérios, silenciosa e lentamente a PEC 376 de 2009 vai avançando.
De autoria do Deputado Federal Ernandes Amorim do PTB de Rondônia, ela estabelece a coincidência geral dos pleitos para todos os mandatos eletivos, aumenta de 8 para 10 anos o mandato de Senador, estabelece o mandato de 5 anos para todos os cargos eletivos e põe fim ao instituto da reeleição para os cargos do Poder Executivo.
No dia 06 de maio, o Relator da Comissão de Constituição e Justiça e da Cidadania, Deputado Federal Valtenir Pereira do MDB do Mato Grosso votou pela admissibilidade da proposta, ou seja, a PEC deverá ir logo para votação em plenário e poderemos ter os mandatos dos atuais Prefeitos e Vereadores prorrogados até 2022, ano em que, em tese, teríamos uma eleição única para todos os cargos eletivos.
Os argumentos do Relator certamente terão grande simpatia da mídia e da população em geral.
Porém, nem tudo que reluz é ouro!
No caso da unificação das eleições, a principal alegação é da economia de recursos públicos, pois existe um investimento público significativo a cada 2 anos para a realização das eleições.
Em parte, o argumento é verdadeiro, mas com a eleição para os 7 cargos eletivos da República -  Vereador, Prefeito, Deputado Estadual, Governador, Deputado Federal, Senador e Presidente – a eleição municipal acabará ficando em segundo plano o que vai totalmente contra o sentido prático da democracia.
As campanhas serão centradas nas candidaturas presidenciais, teremos pouco espaço para as discussões municipais, onde a população tem o maior interesse de melhorias as suas demandas tão latentes.
Se atualmente os eleitores têm dificuldade em lembrar em quem votaram para o legislativo, essa desconexão certamente aumentará.
Já em relação ao final da reeleição para os cargos executivos (Prefeitos, Governadores e Presidente) o argumento do Relator é sobre acabar com o uso da máquina pública para a reeleição.
Essa alegação também tem algum fundamento, porém demonstra má intenção ou desconhecimento do processo eleitoral para esses casos!
O Executivo de turno tem sempre maior esforço físico e financeiro para eleger seu sucessor! Existe total interesse de manter sua hegemonia e a boa relação com o próximo executivo é importantíssima para aprovação de suas contas, por exemplo, entre outras demandas legais e, em alguns casos, ilegais.
É interessante que essa PEC não restringe as reeleições dos mandatos do legislativo, o que deixa claro a sua completa distorção.
Vereadores, Deputados e Senadores também usam a máquina pública direta e indiretamente para a sua reeleição.
Especialistas em eleições como no meu caso são, em grande maioria, totalmente contra a PEC 376, porém, a falta de comunicação e discussão com esses atores é sem dúvida, a demonstração da falta de interesse de maior publicidade dessa nova lei.
A população e a grande mídia correm o risco de embarcarem em mais uma aventura, apoiando atores interessados, mas ainda escondidos em algum gabinete.

segunda-feira, 13 de maio de 2019

Os limites das Redes Sociais

Resultado de imagem para redes sociaisAs redes sociais foram criadas para conectar pessoas próximas ou conhecidas para aos poucos, irem aumentando seu círculo de amizade e relacionamentos.

Elas funcionariam como uma grande festa de casamento onde as pessoas se encontrariam e contariam suas últimas experiências, mostrariam fotos de suas viagens, seus pratos prediletos, um certo exibicionismo particular e para alguns, interessante.
Naturalmente, elas começaram a serem usadas de forma comercial, onde as pessoas puderam demonstrar seus produtos e serviços e assim, gerar riqueza.
Os políticos aproveitaram essa tendência e começaram a se expor ainda mais.
Elas mudaram a forma de se fazer política no Brasil e no mundo, mas me parece que os políticos ainda não perceberam a necessidade de um certo limite de exposição.
Do vereador da menor cidade brasileira até o Presidente da República, a grande maioria tem redes sociais e delas fazem uso quase que diário.
Alguns contrataram serviços profissionais para melhorar ainda mais a sua atuação nas redes, o que é louvável.
Por outro lado, a maioria, esqueceu da importância de assessores de imprensa, jornalistas, mediadores, gestores de crise e técnicos que com sua racionalidade, poderiam evitar problemas para o seu cliente.
Diferente de outros países, aqui no Brasil, há um número ainda maior de políticos e autoridades postando nas redes.
Vice-Presidente, Generais do Exército, Ministros do STF, Promotores de Justiça, Juízes Federais, et caverna, todos querem dar sua opinião, escrever uma frase de efeito e o pior de tudo, como se diz no jargão moderno, querem lacrar nas redes.
Chegamos ao cúmulo de burocratas, servidores concursados, buscarem por 3 minutos de fama, que é o tempo médio indicado pelos especialistas para que um vídeo seja visto.
Ao invés de buscarem soluções técnicas para problemas reais, resolvem se expor nas redes de forma coloquial falando de todos assuntos.
Qual seria o interesse desses profissionais? O Brasil ou o impulsionamento de sua carreira para as atividades privadas?
É bom que se diga que não há nada de ilegal nessa ação, porém, o risco de cometer algum deslize e soltar uma informação que possa a vir mexer com o mercado e as pessoas, é grande.
Creio que os políticos e autoridades não perceberam que existem graus de responsabilidade para trafegar nesse meio.
Um caminhoneiro reclamando do preço do combustível terá pouca repercussão e será visto como algo normal. Porém, o Presidente da República tocando nesse mesmo assunto poderá causar um estrago que os brasileiros acabaram arcando com as consequências.
Hoje em dia, discussões paralelas e sem importância, tal como o caso da medição de forças entre Olavistas e Militares estão causando grandes estragos na economia e na política do país.
A mídia, que poderia colaborar para uma discussão um pouco mais elevada, se ocupa em dissecar as farpas trocadas pelas redes tornando isso um assunto ainda mais relevante.
Os leitores da Folha de São Paulo, formado por pessoas de maior grau de instrução e renda, não suportam mais esse tipo de assunto e isso foi tratado pelo ombudsman na edição de 12 de maio de 2019 que afirmou que continuará dando espaço para esse tema.
Se o interesse da Folha de São Paulo é a busca por cliques, está no caminho certo! Porém, se esse órgão de imprensa deseja atender seus leitores e o país, deveria se ocupar em assuntos mais importantes do que esse.
Em um país onde 13 milhões de pessoas estão desempregadas, com mais de 60 mil homicídios por ano e quase a metade da população sem saneamento básico ser administrado e discutido através das redes sociais chega a ser ridículo.
A história mostra que as grandes decisões foram tomadas entre quatro paredes (Gabinete de Guerra de Winston Churchill, na 2ª Guerra Mundial); que os grandes estrategistas não expunham suas intenções aos adversários (Arte da Guerra, Sun Tzu) e que o sábio ouve mais do que fala.
Me parece que os políticos e as autoridades brasileiras pensam bem diferente do que a história nos mostra e o custo para o país e para eles virá mais rápido do que se pensa.

terça-feira, 7 de maio de 2019

Populismo, o maior inimigo da democracia

Resultado de imagem para populistaPopulismo foi um movimento criado para fazer frente ao pensamento burguês e que se ligaria diretamente ao sentimento da população.
Pensar em projetos e políticas que vão de encontro aos anseios da população é sempre benéfico, mas o desprezo ao planejamento e a previsibilidade das instituições faz com que governos populistas prejudiquem o futuro de uma cidade, Estado ou Nação.
O Brasil e a América Latina vêm experimentando por muitos anos esse tipo de administração que iniciam e permanecem por algum tempo com avaliações de governo exorbitantes e depois, assistem de camarote o governo sucessório tentando, sob vaias, consertar os desmandos do governo passado.
Governos populistas governam pensando nas próximas eleições e o saudosismo dos governos populistas faz com que eleitores sempre os coloquem em vantagem nas próximas eleições.
Kichner na Argentina, Chavez na Venezuela e Lula no Brasil são apenas alguns exemplos recentes de governos populistas que passaram e ainda passam para alguns a falsa impressão de terem sido bons para o país.
Na verdade, além de prejudicar as finanças, fizeram algo ainda pior: condicionaram pavlovianamente a população de seus países a acharem que o governo pode tudo.
Importante lembrar que todos eles foram eleitos através de eleições democráticas onde a população exerceu a sua soberania através do voto e, por outro lado, foram contestados em algum momento através da liberdade de expressão, outro pilar da democracia.
Esse descompasso prejudica a imagem da democracia como sistema de governo!
Notamos, através de pesquisas, que existe certo descontentamento com a democracia brasileira e da América Latina.
Esse descontentamento provém da percepção de que mais liberdade de opinião e eleições diretas para todos os cargos, não foram capazes de melhorar a qualidade de vida das pessoas.
O problema não reside na democracia, mas sim no populismo que traz uma sensação rápida de bem-estar, deixando um legado negativo logo a frente.
Quem não se lembra das capas da revista inglesa The Economist em 2009 (Lula) e 2013 (Dilma), onde na primeira o Cristo Redentor decolava e na segunda o Cristo caía?
O populismo é ilógico, mas tem método!
Um exemplo recente da sua capacidade de destruição foi a revolta dos caminhoneiros de 2018.
Ela foi gestada a partir da atitude populista dos governos Lula e Dilma que disponibilizaram financiamento barato para essa classe e que nos anos seguintes acabariam sofrendo pela implacabilidade da lei da oferta e da procura pois, com mais caminhões do que carga, os fretes ficaram mais baratos.
Na dificuldade de pagar seus financiamentos e o combustível, paralisaram o país, causando desabastecimento e queda do PIB.
Os governos posteriores erraram novamente, tomando também atitudes populistas, tais como o tabelamento do frete.
O resultado já era esperado! O encarecimento do valor do frete rodoviário, fez com que as empresas buscassem outras soluções para escoar seus produtos (cabotagem e ferroviário) e os caminhoneiros voltam a pensar em parar o país.
Desconfiar da democracia pelo mau exercício dos políticos no mandato pode ter um custo muito alto no futuro!
Pensar que populismo só existe em governos democraticamente eleitos é um outro erro, afinal, até hoje sofremos pelo populismo da ditadura Vargas.
Analisando a sociedade como um todo notamos que o populismo não é de direita, centro ou esquerda e não são só os governos que são populistas! Pais de família também tomam decisões “populistas” atendendo todos os anseios dos filhos e acabam por educar de forma errada para o futuro.
A diferença é que nas famílias não existem “pais sucessores” e a conta acaba sempre estourando para os pais do presente em um futuro próximo.