segunda-feira, 27 de abril de 2020

Nem Mito nem Herói

Moro pede demissão, elogia PT e piora crise no governo Bolsonaro


Na manhã do dia 24 de abril, o agora ex-Ministro da Justiça, Sérgio Moro, em rede nacional, comunicou a sua exoneração fazendo graves acusações contra o Presidente da República e por volta das 16h do mesmo dia, o Procurador Geral da República, Augusto Aras, abriu inquérito e enviou para o STF para que seja apurada a eventual ocorrência dos crimes de falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, prevaricação, obstrução de justiça, corrupção passiva privilegiada contra o Presidente, o que poderá gerar até um processo de impeachment e denunciação caluniosa e crime contra honra, caso as acusações de Moro sejam infundadas.
Um fato interessante poderá ocorrer no dia 27 de abril, onde o Ministro Celso de Mello do STF, analisará o caso. Temos ciência de que não há simpatia dos Ministros do STF com relação ao Presidente Jair Bolsonaro nem muito menos por Sérgio Moro.
Nesse mesmo pronunciamento, Sérgio Moro, informou que o fator que condicionou a aceitação de abandonar a Magistratura para ser Ministro da Justiça foi a concordância de Bolsonaro em pagar pensão vitalícia à sua família, caso ocorresse algo contra sua vida no exercício do cargo. Não há legislação que atenda essa solicitação, o que torna o pedido de Moro um ato ilegal, soando muito estranho para alguém que conquistou tal reputação e também a aceitação de Bolsonaro, um presidente eleito defendendo transparência.
Outro ponto a se destacar na fala de Moro é dizer que vinha há muito tempo, mais precisamente, desde agosto de 2019, sendo pressionado por Bolsonaro para ter acesso a processos, o que vai contra as suas afirmações anteriores de total independência divulgadas na mídia.
Jair Bolsonaro no final da tarde do mesmo dia 24 de abril, convocou a imprensa para contra-atacar as acusações de Sérgio Moro, destacando assuntos adjacentes e sem importância, tais como o aquecimento da piscina do Palácio e, apesar de negar ter solicitado informações sobre inquéritos, assumiu querer ter acesso aos processos do Caso Adélio Bispo, do Porteiro e de seu filho Renan, ou seja, ao invés de se explicar, Bolsonaro complicou ainda mais a sua imagem.
Após a troca de acusações iniciou-se uma guerra de narrativas contra e favor de Bolsonaro e Sérgio Moro. Os defensores de Bolsonaro atacando Moro pela sua postura a favor do desarmamento, pró-aborto e progressismo, temas que vão contra as bandeiras defendidas por Jair Bolsonaro desde a sua campanha. Já os defensores de Sérgio Moro, apoiaram o vazamento das suas conversas para a imprensa e já lançam Moro como candidato à presidência em 2022. Lembro que os mesmos que comemoraram o vazamento de Sérgio Moro dos áudios de Dilma e Lula, agora foram vítimas da mesma artimanha.
Quem está com a razão só o tempo dirá, mas temos que deixar claro que ambos se beneficiaram um do outro. Bolsonaro sabia dos posicionamentos de Moro, mas preferiu aproveitar a sua boa reputação para dar mais peso moral ao seu Governo. Por outro lado, Moro, apesar de ser contra as bandeiras de Bolsonaro aproveitou a oportunidade para buscar novos desafios profissionais, seja na política ou no STF.
A lição que fica é que os brasileiros, apesar de todo acesso a informações e com a possibilidade de conhecer melhor os políticos, continuam a ver a política de forma muito emocional e esquecem que políticos são seres humanos, com ambições profissionais, pessoais e financeiras e agem como personagens em busca da aceitação dos eleitores.
Se você já escolheu um lado (Bolsonaro ou Moro), pense por um minuto em duas questões:
1.Quando você pensa em tomar uma atitude, você coloca os seus interesses e de sua família em primeiro lugar ou pensa nos outros 210 milhões de brasileiros?
2.Você até o final da sua vida tomará decisões sem analisar as suas ambições pessoais, profissionais e financeiras ou pensará em primeiro lugar nos outros 210 milhões de brasileiros?
Nesse simples teste de lógica, notamos que se você priorizaria você e sua família, porque você tem a total certeza de que Bolsonaro e Moro só têm interesses republicanos?
O Brasil não tem e não precisa de Mitos nem Heróis, pois eles não existem!

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