segunda-feira, 29 de abril de 2019

Provocações Previdenciárias

Resultado de imagem para reforma da previdenciaEm 1889, o chanceler alemão Otton Von Bismarck criou o primeiro sistema nacional de seguridade, mais conhecido como aposentadoria. Ele era destinado para trabalhadores acima de 70 anos do comércio, indústria e agricultura que não tinham mais força física para trabalhar.
Dois pontos a se destacar: Nessa época, os trabalhos exigiam muito mais do físico do que da intelectualidade das pessoas e, a expectativa de vida na Alemanha era um pouco acima de 50 anos de idade, ou seja, quem tivesse força e sorte de chegar aos 70 anos, descansaria sob os auspícios do governo.
No Brasil a institucionalização da aposentadoria iniciou em 1923 e até hoje perdura o mesmo molde de repartição onde muitos contribuem para poucos receberem.
Com a redução da taxa de natalidade e o aumento da expectativa de vida, esse sistema se tornou insustentável no Brasil e no mundo, lembrando o sistema de pirâmide financeira, como o criado por Charles Ponzi, onde os que estão na base da pirâmide, jamais chegarão a ponta dela.
Outro ponto que deteriora o sistema de repartição adotado no Brasil é o alto valor de algumas aposentadorias, principalmente as dos servidores públicos, distorcendo totalmente a função inicial desse sistema de seguridade social, pois seguridade social, como o próprio nome revela, é para dar segurança e dignidade à sociedade e não para privilegiar certas castas.
Em meio a tanta discussão em torno desse tema, chamo a atenção para um detalhe: tal qual a escalação da Seleção Brasileira de Futebol, todos os brasileiros têm o seu modelo de previdência. Pensando no Brasil e na totalidade de seu povo? Penso que não!
Entendo que essa discussão nacional está sendo reveladora do quanto o brasileiro é mesquinho e egoísta, mostrando que o Bom Selvagem são os outros e que nós somos apenas selvagens financeiros.
A individualização da previdência entre pessoas e classes profissionais são injustificáveis, apesar da defesa veemente dos políticos e da mídia.
Vamos a algumas delas:
1.Os professores obtiveram diferenciação de suas aposentadorias no período dos governos militares que buscavam apoio dessa classe tão importante para a formação da opinião dos estudantes.
Isso perdura até hoje sob a justificativa de se tratar de um tipo de trabalho sujeito a muita pressão física e psicológica. Quando comparamos o trabalho dos professores de ensino fundamental de uma escola particular da zona nobre de São Paulo com os dos profissionais médicos e de enfermagem de uma Unidade de Pronto Atendimento da mesma cidade notamos que isso é injustificável!
2.As mulheres têm maior expectativa de vida e aposentam antes do que os homens sob a justificativa, até de feministas ferrenhas, de que exercem jornada dupla (trabalho-casa). O que dizer das mulheres solteiras que vivem a vida toda na casa dos pais? E o pai solteiro que trabalha e cuida da casa e dos filhos?
Pois é! A discussão da previdência deve ser igualitária e justa e eu tenho a minha fórmula que conta apenas com 2 artigos:
1.Cada pessoa que faça a sua poupança!
É provado por estudos que as pessoas pensam no presente e em suas conquistas imediatas relegando o seu futuro (present bias). Mesmo as pessoas mais pobres acabam realizando algum tipo de consumo imediato não se preocupando com sua velhice.
Estudos comparativos entre os esportes coletivos e individuais mostram que o empenho (físico e/ou psicológico) do esportista individual é maior do que a média do empenho dos atletas do esporte coletivo.
Com um Estado menor e mais barato, as pessoas teriam condições de melhorar suas economias para lhes dar algum tipo de segurança financeira na velhice.
2.Trabalhar não mata!
Um fenômeno brasileiro me chama a atenção. Trabalhadores em início de carreira contam nos dedos o tempo que resta para sua aposentadoria.
Trabalhar não mata e vemos cada vez mais pessoas acima dos 60 anos trabalhando com tanto vigor e qualidade!
Me chama a atenção a falta de confiança da população na classe política e no governo, mesmo assim, ela não se exime em colocar o seu futuro e sua velhice nas mãos deles!
Enfim, o brasileiro é egoísta para lutar pelos seus “direitos” e “generoso” ao delegar suas obrigações.


2 comentários:

  1. Muito bom artigo Marcelo! Não há dúvidas que a previdência como se apresenta, não se sustentará. Necessário se faz, além de parte das propostas, à conscientização do povo acerca desse Instituto vital à dignidade da pessoa humana,em especial quando na velhice. Deixemos de lado o imediatismo, poupemos quando possível e, gastemos com sabedoria.

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  2. Orçamento deficitário não é o da Seguridade Social, deficitário é o Orçamento fiscal do Governo. O Governo se apropria do superávit da Seguridade Social e aplica em outras despesas, principalmente pagamento de juros através da DRU-desvinculação de Receitas da União.segundo a Constituição Federal a arrecadação para a Seguridade não poderia ser gasto em outras despesas. O regime de capitalização proposto por Paulo Guedes não deu certo no Chile. Vamos cobrar e receber dos grandes devedores e depois analisar a reforma que deve ser estudada criteriosamente para não prejudicar ainda mais as classes menos favorecidas.

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