Após a misteriosa exoneração do
Ministro Abraham Weintraub, Bolsonaro iniciou a busca por um nome para ocupar a
vaga de Ministro da Educação. O Presidente parece sempre usar a mesma tática: deixa
vazar nomes para a grande mídia e assim, ir sentindo a temperatura da opinião
pública, até tomar sua decisão.
Nesse caso específico, o
Presidente tinha alguns cuidados a serem tomados. Bolsonaro deveria achar um
nome que agradasse os eleitores conservadores que tinham muito respeito pelo
ex-ministro Weintraub e sua guerra ideológica dentro do MEC que tem hoje mais
de 300 mil funcionários, sendo 100 mil colocados nos governos petistas. O
Presidente deveria descobrir alguém com capacidade técnica comprovada e que
tivesse um perfil menos tempestivo que o ex-ministro para assim, tentar avançar
a sua agenda conservadora na educação, em uma velocidade mais palatável.
Seguindo esses passos, Bolsonaro
nomeou em 25 de junho, Carlos Alberto Decotelli.
Em apenas 5 dias, Decotelli foi
exonerado de forma vexaminosa, para ele e para o país. O currículo apresentado
por Decotelli para se mostrar apto a assumir o cargo, constavam mais do que
inconsistências. O ex-ministro cometeu crime de falsidade ideológica, de acordo
com o artigo 299 do código penal, após adulterar documento privado para obter
algum tipo de vantagem. Ele afirmou em seu currículo de forma mentirosa ter
sido professor titular da Faculdade Getúlio Vargas, ter doutorado na
Universidade de Rosário da Argentina e pós-doutorado na Universidade de
Wüppertal da Alemanha.
Quando todos achavam que
Decotelli havia chegado ao fundo do poço, ele conseguiu afundar ainda mais! Este
senhor tentou culpar a mídia e a sociedade pelo seu crime, ao insinuar de forma
subliminar que foi vítima por causa da cor da sua pele.
Tentar culpabilizar o Presidente e
o Governo pela nomeação do ex-ministro não é correto! Tanto eles, como a
sociedade foram vítimas de um crime cometido por alguém que conhece a triste
realidade brasileira de valorizar posses, títulos e diplomas, deixando sempre
em segundo plano o conhecimento, a cultura e os valores morais.
O Estado sabe que a maioria dos
brasileiros veem a escola em nível fundamental e médio como um local onde
possam deixar seus filhos de forma segura, com uniformes e alimentos, colocando
em segundo plano a qualidade do ensino. De acordo com as pesquisas aqui do Instituto
IBESPE, os eleitores pedem cada vez mais por escolas em tempo integral, não
para terem filhos mais capazes para encarar uma vida profissional, mas para
terem mais tempo para se dedicar ao trabalho ou outros afazeres.
Já no ensino superior, o Estado
sabe que o brasileiro valoriza o diploma, como se isso fosse um passaporte para
o sucesso profissional e por isso criou programas como o PROUNI e hoje temos 6
vezes mais matrículas anuais do que há 40 anos atrás, resultando em muita gente
com diploma, porém, sem a mínima qualificação.
Decotelli foi jogado na lata do
lixo da história e se você se preocupa com a educação do Brasil saiba que ela
não melhorará enquanto os pais terceirizarem essa função ao Estado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário