Na eleição de 2018, dos 147 milhões de eleitores aptos a votar, Bolsonaro
obteve mais de 49 milhões de votos no 1º turno, ou seja, 33,5% do total de
brasileiros escolheram Bolsonaro entre 13 candidatos, sendo um deles, Fernando Haddad,
candidato do partido que ficou quase 15 anos no poder e tinha toda a máquina à
sua disposição e Geraldo Alckmin que reuniu todos os maiores partidos ao seu
lado.
Os eleitores votaram em Jair Bolsonaro por causa de suas bandeiras
conservadoras, tais como defender a família, a propriedade privada, a religião,
o patriotismo e também, por não pesar contra ele acusações de corrupção em meio
a tantos escândalos revelados pela operação Lava Jato.
No 2º turno, somaram-se aos 49 milhões de eleitores convictos de
Bolsonaro, mais 8,5 milhões de eleitores que preferiram buscar o novo, já que
Haddad representava a continuidade da tal “velha política”, passando de 33,5% para
39,2% dos eleitores totais.
Desde a sua posse, Bolsonaro vem enfrentando grandes dificuldades para
governar o país, tendo suas pautas barradas ora no Congresso Nacional, ora no
Judiciário. E é importante ressaltar que boa parte desses obstáculos foram
criados pelo próprio Presidente que parece se alimentar do confronto e acabou
trocando o tal presidencialismo de coalisão, responsável por boa parte dos problemas do país, pelo presidencialismo de colisão.
Porém, de alguns meses pra cá, percebemos que o Judiciário, com o
apoio de boa parte do Congresso Nacional e da grande mídia resolveram esticar a
corda ao máximo, dando a impressão que desejariam ver uma atitude desesperada
de Bolsonaro para se manter no poder e assim provar de vez para a sociedade que
o desejo dele sempre foi implantar uma ditadura militar no Brasil.
Para entender se essa narrativa tem repercussão entre os eleitores
brasileiros, o IBESPE realizou pesquisa nacional com 1 mil entrevistas com
pessoas acima de 16 anos e os resultados são interessantes: 40,4% acreditam que
Bolsonaro tem intenção de implantar uma ditadura no Brasil contra 51,2% que não
acreditam nessa possibilidade e 8,5% não souberam responder.
Como Bolsonaro deixou claro que não daria o primeiro ponta pé para um
conflito entre as instituições, parece que todos resolveram aumentar o tom contra
o Presidente.
O STF, a partir de um processo inconstitucional, prendeu arbitrariamente apoiadores de Bolsonaro, iniciou investigação de deputados aliados e fechou meios de comunicação, cerceando a liberdade de imprensa, deixando clara a
vontade de buscar provas para tentar incriminar Jair Bolsonaro.
Após o encaminhamento desse processo para o TSE ficou ainda mais clara
a intenção de cassar a chapa Bolsonaro e Mourão antes do final do ano e, da forma
que as coisas estão se conduzindo, creio que Bolsonaro será sim, cassado, mesmo
sem provas cabais de algum crime eleitoral.
De acordo com os últimos levantamentos, a aprovação do atual governo,
após 18 meses de mandato e sob toda essa pressão fica em torno de 33%, ou seja,
o mesmo percentual de votos convictos obtidos no 1º turno das eleições de 2018,
o que demonstra que Bolsonaro mantem intactos seus eleitores que cada vez mais
estão dispostos a lutar pelo Presidente.
A história não muda o seu enredo, muda apenas os personagens e da
forma que tudo está se encaminhando, prevejo um desfecho trágico e violento
para o país.
Se hoje em dia os apoiadores de Bolsonaro saem às ruas sem motivos
específicos, o tamanho e a temperatura dos protestos em Brasília terão ares revolucionários.
As Forças Armadas se sentirão obrigadas a entrarem em campo e a sua
reação em busca da ordem, certamente atingirá Ministros do STF que têm fortes
acusações em suas vidas pregressas e durante o mandato na corte e também contra
Deputados e Senadores que têm processos parados à espera da devida punição.
Se a eleição de Bolsonaro foi um duro golpe contra o sistema político
do Brasil, a reação a cassação do seu mandato poderá ser o golpe final.
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