Bolsonaro, como a maioria dos políticos, tem sentimento ambíguo em
relação as pesquisas de opinião.
Nas eleições de 2018, quando as pesquisas demonstravam alguma estagnação de sua candidatura, ele
logo afirmava que as pesquisas e os institutos não podiam ser levados à sério.
Porém, quando ele sofria ataques, logo dizia: me atacam porque sou
líder nas pesquisas.
Esse pensamento é generalizado no meio político, pois há falta de
informação sobre a importância das pesquisas como ferramenta de planejamento.
O sentimento geral é de que as pesquisas devem antecipar o resultado das urnas. Ledo engano!
Na minha opinião os institutos de opinião são os principais culpados por essa distorção de importância dos diagnósticos, pois aceitaram esse jogo da mídia e do meio político.
Falo isso porque sairão muitas pesquisas de 100 dias de governo nessa
semana que se inicia e Bolsonaro deveria ter ao seu lado pessoas com formação
acadêmica, experiência e isenção para interpretar os dados e assim, ajudar na organização
do seu governo.
Na semana passada, em 04 de abril, o Instituto IPESPE divulgou
pesquisa com boas e más notícias a Bolsonaro e eu espero que ele tenha
entendido alguns recados do estudo.
Vamos a eles:
A aprovação de Bolsonaro vem caindo mês a mês desde o início do
governo chegando agora a 35% de aprovação.
Importante ressaltar que existe um dado histórico para ilustrar esse
número: governos com aprovação abaixo de 34% são derrotados nas urnas.
Claro que esse dado seria muito importante se estivéssemos a um da
eleição. Não estamos! Por isso, Bolsonaro não deve se preocupar tanto, mas deve
se manter alerta com essa tendência negativa.
Apesar da aprovação de 35%, 45% ainda confiam nele e 50% estão
otimistas com o futuro do seu governo.
Porém, na minha opinião o dado mais importante para Bolsonaro governar
tranquilo é o sentimento de que a crise econômica atual é de responsabilidade
dos governos petistas: 32% acham que o governo Lula colocou o país nessa
situação e 18% o governo Dilma, ou seja, metade do país pensa que o PT acabou
com a economia e com os empregos.
Porém, esse sentimento pode mudar e sabemos que o sucesso do governo
de Bolsonaro depende da agenda econômica de Paulo Guedes e a base da agenda é a
Reforma da Previdência.
Para isso, o estudo dá dois bons alertas: Primeiro é que 61% entendem
que a reforma é necessária contra 33% entendem que não.
Tenho certeza que uma parte desses 33% contrários é por pura
ignorância. Afinal, se os deputados têm dúvidas, o que dirá a população em
geral.
E o segundo dado é que a maioria (42%) tem a percepção de que as
notícias que saem de Bolsonaro e o Governo são negativas. Lembro-o que a
maioria do povo brasileiro ainda se informa pela TV, rádio e jornais e que as
notícias das redes sociais têm impacto em uma camada restrita da sociedade e que
ainda assim, duvidam do que leem.
Por isso, investir em uma boa relação com a mídia e divulgar em rede
nacional de forma didática a reforma, fará com que a aprovação popular aumente
e o congresso não gosta de ir contra a opinião pública.
Mas aqui temos um ponto de tensão: as Forças Armadas são a instituição
mais respeitada do Brasil com 66% de aprovação. E na cabeça dela, o povo tirou
o PT do governo e Bolsonaro seria a quimioterapia para a cura do país. Porém,
se agenda econômica travar, aumentar o volume da voz das ruas, as Forças
Armadas serão a primeira instituição a cobrá-lo.
E a história mostra como se comporta essa cobrança.
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