domingo, 8 de dezembro de 2019

Pequenos Partidos, Grandes Negócios

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Na semana passada dois fatos ocorreram com pouca repercussão, comparado ao seu possível impacto no futuro do país e que escancaram a pobreza da nossa triste democracia.
O primeiro foi a aprovação por 4 votos a 3 por parte do TSE, o Tribunal Superior Eleitoral, pela possibilidade de obtenção de assinaturas digitais para a criação de um partido político.
Essa decisão abre as portas para a criação do 36º partido, o Aliança pelo Brasil, da Família Bolsonaro, que pelos cálculos iniciais deverá coletar cerca de 500 mil assinaturas para habilitar o seu registro.
Entendo que no período histórico em que vivemos, a assinatura eletrônica tem mais confiabilidade do que a assinatura manuscrita, porém, o problema está mais embaixo e que merece questionamentos, afinal, se existe a obrigação de buscar 500 mil assinaturas para a criação de um partido, porque não existe a exigência desses partidos possuírem, no mínimo, 500 mil filiados para serem ativos?
Conforme dados do TSE, o Brasil possui 35 partidos registrados, totalizando pouco mais de 15 milhões de eleitores filiados e apenas 9 partidos, ou seja, 25,7%, possuem acima de 500 mil filiados (DEM, MDB, PDT, PL, PP, PSB, PSDB, PT e PTB).
Entre os outros 26 partidos que possuem abaixo de 500 mil filiados, temos aberrações como PRP com 182 filiados, o PHS com 122 e o PPL com 61 filiados.
Alguns partidos podem até não ter espaço para conseguir morder uma fatia do Fundão Eleitoral, porém, em uma eleição, servem como moeda de troca para conquista de espaços em um futuro governo.
O outro tema da semana passada e que tem total relação com o primeiro tema foi a aprovação pela Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional o valor de R$ 3,8 bilhões para o Fundo Eleitoral de 2020.
Para se ter uma ideia, esse valor representa mais de 10 anos do orçamento de uma cidade com 100 mil habitantes!
Já falei muito sobre o absurdo que é o eleitor financiar uma instituição privada sem a sua anuência e ao cruzar esses 2 temas da semana passada não tem como não questionar o porquê os partidos não buscam pela sua sobrevivência convencendo eleitores a pagarem pela sua manutenção. Afinal, se todos os 36 partidos tivessem no mínimo 500 mil eleitores, número exigido para a sua criação, bastaria com que cada um pagasse mensalmente R$ 18,00 para que o valor total arrecadado chegasse aos mesmos R$ 3,8 bilhões.
A verdade é que ter um Partido Político no Brasil virou um grande negócio! Sua criação é facilitada, sua manutenção financiada e o retorno financeiro é alto e garantido!

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