Ontem, 19 de dezembro, o político de esquerda e ex-líder estudantil, Gabriel Boric, venceu no 2º turno o candidato conservador, José Antonio Kast, e aos 35 anos de idade, se tornou presidente do Chile.
Boric fundamentou a sua
campanha na promessa de trazer mais justiça social ao povo chileno, a partir da
demolição dos pilares conservadores e liberais que tornaram esse país na nação
mais bem sucedida da América Latina.
O candidato conservador,
Kast, havia vencido o 1º turno com aproximadamente 30% dos votos válidos, mas
acabou sendo derrotado no 2º turno e isso, na minha opinião, serve como um aviso
ao Presidente Jair Bolsonaro para as eleições de 2022.
Faço essa afirmação pois,
o discurso conservador de Deus, Pátria e Família tem capacidade natural de unir
boa parte dos eleitores brasileiros ou de qualquer país ocidental, empurrando o
seu candidato ao 2º turno, porém, para vencer as eleições, algo mais precisa
ser feito.
Se o candidato for da
situação, precisará mostrar os bons resultados do governo e, caso o candidato
represente a oposição, ele deverá ter a narrativa alinhada com as demandas e
anseios mais latentes dos eleitores.
Bolsonaro tem a seu favor
o discurso e as ações conservadoras, além de um governo com 3 anos sem nenhum
escândalo de corrupção, o que o colocam muito próximo do 2º turno, mas para
vencer terá de mostrar os resultados do seu governo.
Tudo indica que ele terá
como adversário o ex-presidente Lula que tem sua base eleitoral formada por 3
tipos de eleitores:
1.Aqueles que acreditam
que Lula e o PT jamais roubaram e são acusados injustamente;
2.Aqueles que acreditam
que Lula e o PT roubaram, mas foram incentivados por uma causa maior, pela implementação
de sua ideologia;
3.Aqueles que acreditam
que Lula e o PT roubaram, mas no período em que eles estiveram no governo, sua
vida era melhor, foi um governo de resultados, o tradicional “rouba, mas faz”.
No Brasil mostrar resultados
não é nada fácil, afinal, os governos – de todas as instâncias – cresceram tanto
que reduziram a praticamente zero a capacidade de investimento do Poder
Público.
Além desse obstáculo,
Bolsonaro sofre com o ativismo judicial, municiado pela oposição ao seu
governo.
O exemplo mais claro é a
atuação do Senador Randolfe Rodrigues que representa o Amapá, um estado com 16
cidades (0,29% das 5.570) e 518.527 eleitores (0,35% dos 145 mi), que não se
furta em atravessar a Praça dos Três Poderes e incitar a decisão monocrática de
um Ministro do STF contra a decisão do Executivo ou do Legislativo.
Bolsonaro precisará de
profissionais capazes de identificar tecnicamente as demandas e anseios dos
eleitores, construir uma narrativa capaz de emocionar essas pessoas e por fim
comunicar de forma adequada e convincente.
Ter uma equipe formada
por profissionais de pesquisas, estrategistas e marketing político ajudará a manter
o seu potencial eleitoral no universo das redes sociais e fincar com pé nos
outros meios de comunicação.
O TSE buscará de todas formas
limitar o alcance das redes sociais, hoje mais favoráveis ao Presidente da
República, por isso, o Horário Eleitoral Gratuito, bem como os debates serão
essenciais para Bolsonaro.
As eleições de 2022 serão
muito diferentes de 2018 e o Presidente, seus companheiros mais próximos, entre
eles seus filhos, devem aceitar que existe bons consultores políticos que
congregam com seus valores.