sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Caminho longo e sem volta

Grosso modo, nossos estudos mostram que Bolsonaro tem cerca de 1/3 do eleitorado a seu favor, 1/3 contra e 1/3 reúne: indecisos, possíveis abstenções e nulos, nomes da 3ª via e aqueles que balançam entre Bolsonaro e Lula, conforme o momento socioeconômico.

Os 33% de Bolsonaro são muito convictos e com baixo potencial de abstenção. Já os 33% contrários, mais próximos a Lula, são menos convictos e com alto potencial de abstenção (metodologia exclusiva do IBESPE).

Bolsonaristas duvidam desses dados, pois recorrem ao volume das manifestações de rua e redes sociais, invocando o tal “DataPovo”. Ignoram que, em números aproximados, 33% dos eleitores resulta em 48 milhões e se 10% deles se manifestarem, falamos em 5 milhões de pessoas!

Os 33% restantes, apesar de estarem tomados pelo desânimo sanitário e econômico, sobretudo por notícias negativas do Governo e do Presidente, têm perfil mais à direita. As opções da 3ª via têm perfil mais à esquerda e, essa desconexão, talvez explique a baixa relevância eleitoral desse grupo.

Por esses motivos, o meio político e o establishment sabem que Bolsonaro tem muita força para 2022 e tirá-lo da cadeira, através de impeachment ou impugná-lo, seria o cenário ideal para a volta da disputa histórica entre a social-democracia e a esquerda.

Essa medida colocaria o país em conflagração, porém, o perfil pacífico dos apoiadores de Bolsonaro causaria barulho e volume, mas não meios para uma possível revolução.

A 2ª opção oposicionista possível, seria bloquear a pauta política e econômica desgastando o Governo e, por fim, reduzindo o potencial de votos do Presidente.

Catapultar Bolsonaro da cadeira ou enfraquece-lo a ponto de torná-lo inelegível abrirá espaço para o surgimento de outro personagem com as mesmas características ideológicas e sem a reprovação pessoal do Presidente (Ministro Tarcísio?).

É um equívoco acreditar em um tal “Bolsonarismo bovino”. A maioria silenciosa, há 30 anos calada, se uniu em torno desse personagem e, ainda sem literatura e cultura necessária para o domínio da nação, vem se organizando. Não haverá volta!

Diante desse quadro, entendo que o país ficará travado, transformando o cenário político e econômico o pior possível e as ações para calar a onda conservadora aumentarão.

Nós, o Povo, sonhamos com o protagonismo, mas da forma que o Estado brasileiro está, continuaremos espectadores e financiadores dele, nos dando ao luxo de poder sorrir com vídeos do Tik Tok, por enquanto.