sexta-feira, 3 de agosto de 2018

O Pêndulo Social

Pessoalmente, sou contra a divulgação de estudos eleitorais por entender que as informações normalmente expostas são de pouca relevância para o planejamento e organização de uma campanha, sua função primordial.

Infelizmente, a popularização desses estudos, criou a falsa impressão de que instituto bom é aquele que “bate com a urna”, excluindo, portanto, todo o trabalho e capacidade dos profissionais de marketing político, estrategistas, questões financeiras, perfil do candidato, capacidade de negociação entre partidos, tempo de rádio e TV, equipe, etc.

Tentar analisar os dados expostos é sempre temerário e fonte de decisões equivocadas.
Os analistas mais experientes sabem disso, mas quem resiste tentar antecipar um resultado, mesmo que ele seja duvidoso? Videntes e cartomantes ganham a vida assim!

Nas eleições de 2.016 na cidade de São Paulo, por exemplo, nossos estudos (como todos os outros), davam larga vantagem ao candidato Celso Russomanno e “analistas” já o colocavam no 2º turno. Porém, o detalhamento dessas informações e cruzamentos de dados, demonstrava que João Doria seria o candidato com maior potencial de vitória. Essas informações estão sempre “escondidas” entre tantos outros dados, mas, erroneamente, o resultado do voto estimulado tem sempre maior exposição e importância para a mídia, políticos inexperientes e população em geral.

Às vezes, perguntas indiretas – projetivas - sobre o pleito, do momento político, da história, das expectativas com o futuro ou dos candidatos podem explicitar uma nova tendência, entender o grau de convicção ou vulnerabilidade do voto e assim buscar decisões mais acertadas.

Entre várias questões sem nenhum vínculo direto com as eleições de 2.018, um detalhe foi detectado em nossos estudos na qual denominei como “Pêndulo Social”.

Tento nas próximas linhas explicar resumidamente.

O Brasil possui um histórico liberal na economia e conservador nos costumes.

O liberalismo dos brasileiros é detectado na natureza empreendedora desse povo, mesmo diante das dificuldades impostas pelo Estado. Isso não começou com Barão de Mauá e não se encerrará com os malfeitos de “Eikes” e ademais.

O conservadorismo nos costumes é notório na religiosidade e na formação das famílias.
Engana-se quem acha que isso começou com o crescimento das religiões evangélicas no Brasil.

Os deputados constituintes de 1.988, os governos que vieram em sequência, a mídia formada em sua maioria com visão progressista, as universidades públicas e o meio artístico tentaram expulsar a pontapés essa natureza brasileira, empurrando na marra e abruptamente o Pêndulo Social à esquerda.

No campo econômico, a população via boquiaberta o inchaço do Estado e a baixíssima qualidade dos produtos e serviços devolvidos pelos impostos cada vez mais altos.

No campo social, assistia a insistente tentativa pelo convencimento de que um novo mundo, sem religião e família seria o caminho ao paraíso.

Apoiada pela popularização da internet e das redes sociais a maioria dos brasileiros, até então silenciosa, organizou-se de forma instantânea no ano de 2013.

Surfando tranquila sem oposição, dominando o Estado, a mídia e a cultura do país, a minoria, se viu confrontada e o discurso de polarização do país, virou sua narrativa.

Na verdade, o Brasil real, discutia em suas casas, nos bares e nas filas cruéis dos serviços públicos essa insatisfação e o Brasil ficcional não esperava por essa reação, o limite contributivo (capacidade de pagar impostos) acendeu a luz vermelha, enfim, a paciência chegou ao fim.

As eleições de 2.018 serão marcadas por vários aspectos, porém a força e velocidade desse pêndulo à direita serão proporcionais à realizada pelos progressistas levando-o à esquerda e certamente, nenhum pré-candidato com essa visão de mundo conseguirá segurar o Pêndulo Social, e consequentemente, os eleitores de seu lado.
Seja quem for – Lula, Haddad, Ciro, Marina e ademais – têm chances muito reduzidas de vencer as eleições.

Jair Bolsonaro, com discurso conservador e estatista, aceitou a orientação do economista competente e liberal, Paulo Guedes. Se o pré-candidato produzir uma nova “Carta aos Brasileiros” com os dogmas de Guedes aumentará mais suas chances de estar no 2º turno. Sua bandeira, a segurança pública, é a mais coerente com as necessidades da população e ninguém conseguirá tomá-la à força.

Para chegar ao 2º turno caberá aos candidatos mais ao centro – Álvaro Dias e Geraldo Alckmin - terem projetos capazes para frear o Pêndulo Social em seu meridiano.

Deverão provar à população que desejam a redução do tamanho do Estado, o fim dos privilégios do funcionalismo público, além de capturar, com inteligência, total ou parcialmente, o tema segurança pública de Bolsonaro.

Certamente, essas minhas opiniões não se basearam nos resultados rasos expostos em pesquisas publicadas, mas na minha insistência em realizar estudos mais densos, afinal é para isso que Gallup criou pesquisas, para indicar tendências e não resultados finais.

Difamam a estatística – ciência primária das pesquisas de opinião – denunciando que os números, ao serem torturados, falam o que o especialista deseja. Puro engano!

Os números, ao serem lidos por quem estudou (e muito!), revelam dados que mudam o mundo e, porque não, uma eleição.