Não existe progresso se o ponto inicial é desconhecido.
Conhecer o passado da sua família, da sua cidade, estado, país e da civilização
é fundamental para entender como foram construídas as estradas que te trouxeram
até aqui e para onde elas poderão te levar.
Há alguns anos atrás, nas reuniões familiares ou festas, era
comum as crianças serem espectadoras das histórias, quase sempre heroicas, dos
adultos e dali, aos poucos, ir forjando a sua personalidade, tirando muitas
lições de comportamento, honestidade e esforço.
Um simples café com leite a tarde entre irmãos, primos, tios,
pais ou avós, em meio a muita discussão e broncas, o passado e suas tradições fundamentavam
o futuro ainda incerto, que aos poucos ia sendo pavimentado pela moral e os
bons costumes.
Hoje em dia, até mesmo os poucos momentos motivadores de
reuniões familiares estão comprometidos. A festa de aniversário foi substituída
por um lanche quase solitário em um fast food, o matrimônio definitivamente virou
tabu e o funeral, um lapso de tempo para cumprimentos protocolares à parentes
que há muitos anos não eram vistos.
A ausência de amigos fiéis capazes de ouvir todos os seus
lamentos, te dar conselhos (mesmo que errados!) se tornou algo natural. A
criança não troca mais sopapos com o melhor amigo para depois de algumas horas voltarem
a brincar juntos. A garota de 15 anos não tem mais para quem contar por qual
garoto está apaixonada. Os adultos não têm mais um ouvido disposto a ouvir suas
lamentações e medos com o futuro. As pessoas não confiam mais nas pessoas!
O ato de delegar a educação dos filhos à terceiros e ao
Estado, transformou as escolas em um depósito de crianças para alívio dos pais que
aproveitam o dia para o exercício de sua profissão, mas muitas vezes para futilidades
do dia-a-dia.
O ambiente familiar foi tomado por aparelhos eletrônicos que
dividem a atenção e as pessoas entre os cômodos, comprometendo totalmente a
unidade familiar, transformando o sinal de Wi-fi mais importante do que um
abraço.
Apesar de não acreditar na política sem comprovação
científica do “fique em casa”, como bom otimista, avaliei que poderia ser a
retomada de padrões familiares, basilares para formação de uma sociedade melhor
e mais justa.
Meu desejo se mostrou muito maior do que a realidade,
afinal, o Estado, a escola e as famílias de hoje estão corrompidas pelo ódio a
leitura e a cultura histórica e, mesmo sendo forçados a ficarem por mais tempo
dentro de seus lares, mantiveram o padrão de ociosidade mental.
A destruição da sociedade arquitetada por uma minoria
organizada, egoísta e ambiciosa, parece estar bem encaminhada.
Desta vez, sendo menos otimista, acredito que a justa vitória
da maioria dependera de sua organização, através do retorno às tradições
familiares e, pouco a pouco, unindo-se a outras famílias comuns formarão uma base
sólida para a construção de um muro de contenção contra a invasão dessa minoria
que não se cansará de buscar pelo seu objetivo.