Venho
fazendo diversos alertas para os erros involuntários das pesquisas eleitorais e
que acabam resultando em informações contestadas pelo senso comum brasileiro e
manchas nessa ferramenta tão fundamental para o planejamento estratégico de uma
campanha eleitoral.
Esses
erros involuntários são ocasionados por falta de capacidade técnica e acadêmica
ou pressa de atender as demandas de estudos, principalmente aqueles que serão
divulgados na imprensa.
Dentro
do IBESPE temos um histórico que chamo de 70/10/20. Esses dados referem-se ao
tempo que precisamos para cada etapa de uma pesquisa: 70% para o planejamento da
pesquisa, 10% para a execução e 20% para a confecção e apresentação dos
resultados ao cliente.
Todo
esse tempo destinado ao planejamento de uma pesquisa, por mais simples que ela seja,
não é à toa! Parafraseando Aristóteles “Um pequeno erro no início torna-se
grande no fim.” Enfim, sair para O campo com algum problema de planejamento do
estudo certamente reverterá em sérios problemas para as outras duas etapas.
Um
cuidado muito especial que estamos tendo no planejamento das pesquisas
nacionais e estaduais é o devido respeito à proporcionalidade em relação ao tamanho
das cidades. No Brasil temos 69,8% das cidades com menos de 15 mil eleitores e
que correspondem a 17,5% do eleitorado.
Tecnicamente
temos que prestar atenção na correta proporcionalidade das entrevistas de acordo
com o tamanho do eleitorado de cada Estado ou município, porém, venho me dedicando
e muito para que nossos estudos consigam captar a opinião das pessoas que moram
nas cidades pequenas.
O
motivo é bem simples: nessas cidades as famílias vivem mais tempo juntas, fazem
refeições juntas, conversam mais entre elas, se informam muito mais pelos meios
mais tradicionais, estão propensos a assistir com mais assiduidade e atenção o
horário eleitoral gratuito, são mais religiosas, votam de forma mais convicta e
têm menos potencial de se abster no dia da eleição.
Para
se ter uma ideia, nessas cidades as pessoas indicam como um dos motivos
principais e preferenciais de lazer frequentar as ações da igreja! Como eu sei
disso? Realizando muitas pesquisas sociais nesses municípios!
Sei
que o trabalho de inserir essas cidades em um estudo é muito grande e conseguir
o contato das pessoas, é ainda maior. Porém, todo e qualquer esforço deve ser
realizado para que a melhor e mais fundamental ferramenta de planejamento de
campanha, as pesquisas eleitorais, seja a mais confiável possível.