quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

É o Congresso, Bolsonaro!

 

O estrategista político de Bill Clinton nas eleições americanas de 1992, James Carville, cunhou uma frase que acabou por se tornar case de marketing eleitoral: “É a economia, estúpido!”

Carville deixava claro com essa expressão impactante que o presidente em exercício, George Bush, apesar de ter vencido a Guerra do Golfo (1991) e com ela ter devolvido a autoestima do povo americano afetada após a triste experiência da Guerra do Vietnã (1955 a 1975), administrava um país que passava por um momento de recessão e que a pauta principal das eleições deveria ser o tema economia.

Clinton aceitou a sugestão, venceu as eleições e a frase de James Carville virou um livro de grande sucesso!

Esse insight não surgiu espontaneamente da genialidade de Carville. As estratégias eleitorais são construídas a partir de informações levantadas por pesquisas de opinião – quantitativas e qualitativas - que captam o verdadeiro sentimento da população, para assim identificar quais deverão ser as pautas para tentar buscar o sucesso eleitoral. Nem todos os políticos trabalham dessa forma, seja por acreditar que pesquisas têm preços muito elevados (o que não é verdade) ou por achar, equivocadamente, que elas são fontes de premonição de resultados e não a principal base do planejamento de uma campanha.

O processo eleitoral dura em torno de 6 meses, pois antes desse período os eleitores ainda estão muito dispersos. Porém, em caso de vitória, o político deverá estar preparado para prestar contas e dar resultados durante os próximos 4 anos.

A dificuldade de Jair Bolsonaro governar o país nesse primeiro mandato deixou muito claro que houve foco excessivo na campanha presidencial, enquanto a necessidade de se ter um Congresso – Deputados e Senadores – alinhados com o pensamento do Executivo foi deixada em segundo plano.

A Constituição de 1988, apesar de promover o regime presidencialista, foi confeccionada para um Brasil parlamentarista e mesmo a população brasileira reafirmando o seu desejo em viver em um país com um Presidente da República fortalecido (plebiscito de 1993), o Legislativo vem avançando sobre as matérias do Executivo e hoje tem poderes capazes de inviabilizá-lo!

Formar uma grande bancada a seu favor será importante não só para administrar com um pouco mais de tranquilidade, mas também para ter ao seu lado partidos com capacidade financeira para as próximas eleições e assim, pensar em um projeto de longo prazo ao país.

Os partidos sabem disso, pois a divisão do Fundo Eleitoral tem relação direta com a sua força eleitoral, vejamos:

- 48% são divididos entre os partidos, de forma proporcional ao número de representantes na Câmara dos Deputados na última eleição geral

- 35% vão para os partidos na proporção do percentual de votos válidos obtidos pelas siglas que tenham pelo menos um representante na Câmara

- 15% são distribuídos entre as legendas na proporção do número de representantes no Senado

- 2% são divididos igualmente entre todos os partidos registrados no TSE.

O eleitor brasileiro é materialista e egoísta ao extremo e por isso, o tema economia será sempre a principal pauta das eleições brasileiras, ou seja, em nosso país a frase de Carville se mantem atualizada!

Por outro lado, se Bolsonaro pensa em um segundo mandato mais calmo, deverá focar na formação de uma grande bancada, pois eu tenho certeza que a oposição, diante da dificuldade de enfrentar o Presidente em uma reeleição nas urnas, já está desenhando esse quadro!


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