Carville deixava claro com essa expressão
impactante que o presidente em exercício, George Bush, apesar de ter vencido a
Guerra do Golfo (1991) e com ela ter devolvido a autoestima do povo americano afetada
após a triste experiência da Guerra do Vietnã (1955 a 1975), administrava um
país que passava por um momento de recessão e que a pauta principal das eleições
deveria ser o tema economia.
Clinton aceitou a sugestão,
venceu as eleições e a frase de James Carville virou um livro de grande sucesso!
Esse insight não surgiu espontaneamente
da genialidade de Carville. As estratégias eleitorais são construídas a partir
de informações levantadas por pesquisas de opinião – quantitativas e
qualitativas - que captam o verdadeiro sentimento da população, para assim identificar
quais deverão ser as pautas para tentar buscar o sucesso eleitoral. Nem todos
os políticos trabalham dessa forma, seja por acreditar que pesquisas têm preços
muito elevados (o que não é verdade) ou por achar, equivocadamente, que elas
são fontes de premonição de resultados e não a principal base do planejamento
de uma campanha.
O processo eleitoral dura em torno
de 6 meses, pois antes desse período os eleitores ainda estão muito dispersos.
Porém, em caso de vitória, o político deverá estar preparado para prestar
contas e dar resultados durante os próximos 4 anos.
A dificuldade de Jair Bolsonaro
governar o país nesse primeiro mandato deixou muito claro que houve foco excessivo
na campanha presidencial, enquanto a necessidade de se ter um Congresso –
Deputados e Senadores – alinhados com o pensamento do Executivo foi deixada em
segundo plano.
A Constituição de 1988, apesar de
promover o regime presidencialista, foi confeccionada para um Brasil parlamentarista
e mesmo a população brasileira reafirmando o seu desejo em viver em um país com
um Presidente da República fortalecido (plebiscito de 1993), o Legislativo vem
avançando sobre as matérias do Executivo e hoje tem poderes capazes de
inviabilizá-lo!
Formar uma grande bancada a seu
favor será importante não só para administrar com um pouco mais de tranquilidade,
mas também para ter ao seu lado partidos com capacidade financeira para as próximas
eleições e assim, pensar em um projeto de longo prazo ao país.
Os partidos sabem disso, pois a
divisão do Fundo Eleitoral tem relação direta com a sua força eleitoral, vejamos:
- 48% são divididos entre os
partidos, de forma proporcional ao número de representantes na Câmara dos
Deputados na última eleição geral
- 35% vão para os partidos na
proporção do percentual de votos válidos obtidos pelas siglas que tenham pelo
menos um representante na Câmara
- 15% são distribuídos entre as
legendas na proporção do número de representantes no Senado
- 2% são divididos igualmente entre
todos os partidos registrados no TSE.
O eleitor brasileiro é materialista
e egoísta ao extremo e por isso, o tema economia será sempre a principal pauta
das eleições brasileiras, ou seja, em nosso país a frase de Carville se mantem
atualizada!
Por outro lado, se Bolsonaro
pensa em um segundo mandato mais calmo, deverá focar na formação de uma grande
bancada, pois eu tenho certeza que a oposição, diante da dificuldade de
enfrentar o Presidente em uma reeleição nas urnas, já está desenhando esse
quadro!
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