segunda-feira, 5 de agosto de 2019

A sociedade desconfiada

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A confiança nas pessoas e nos governos é essencial para a vida em sociedade.
Noto que no Brasil e no mundo a confiança nos governos vem diminuindo ano a ano e desconfiar de toda e qualquer medida ou discurso dos governantes faz com que haja, cada vez mais, desconexão com as necessidades públicas, dificultando e muito na solução dos problemas.
A falta de confiança no governo faz com que essa apatia afaste ainda mais o governo das pessoas, pois desconfiança gera desengajamento.
Alain Peyrefitte, grande intelectual e político francês, escreveu a obra Sociedade de Confiança que demonstra que o desenvolvimento de uma nação tem como um dos principais pilares a confiança das pessoas na sociedade, ou seja, nos homens e no governo.
Isso ocorre, pois se a honestidade é pressuposto de toda e qualquer transação econômica, porque as pessoas irão desconfiar das pessoas e do governo?
O respeitado instituto de pesquisa americano, Pew Research Center realizou estudo sobre esse tema com 10.618 entrevistas e traz dados e lições que podemos transferir para o Brasil.
68% dos americanos entendem que é necessário reparar o grau de confiança da sociedade no Governo e 84% acreditam que essa confiança pode ser revertida.
58% acreditam que devem melhorar o grau de confiança nas pessoas e 86% que isso pode ocorrer.
Para que isso ocorra, os próprios entrevistados indicam 5 prioridades:
1.Acabar com o partidarismo político e o tribalismo centrado no grupo.
Infelizmente no mundo e especificamente no Brasil, há hoje a obrigação de ter um lado, de fazer parte de uma tribo. O direito de dizer que “não sabe”, “não tem opinião formada” ou “que não deseja discutir algum assunto” não é respeitado. O bolsonarismo é uma resposta óbvia a cultura imposta há mais de 30 anos e aprofundada com o petismo, o “nós contra eles”, os oprimidos versus os opressores e essa situação deve se estabilizar no centro do espectro político.
2.Reorientar a cobertura de notícias de programas de entrevistas e histórias sensacionalistas.
Há uma enxurrada de especialistas que sobrepõem a análise de um fato com sua ideologia. A lacração e a busca por cliques abafam a discussão inteligente e saudável tão necessária em uma democracia.
3.Parar de dar atenção às telas digitais e passar mais tempo com as pessoas.
Conectar fisicamente as pessoas, ter um amigo que possa desabafar, dar e ganhar um abraço, encher a casa com os amigos. Trocar o visor do celular pelos olhos de outras pessoas.
4.Praticar empatia.
Conectar as pessoas, sorrir, ser educado.
5.Refazer os laços de confiança na sua microrregião (bairros) e irradiar para outros setores.
Reinventar as festas juninas da rua? Chamar o seu vizinho pelo nome, “desrespeitar” esse individualismo forçado pelos dias de hoje.
Peyrefitte em sua grande obra mostrou que sociedades se desenvolviam pela confiança. Eu nesse pequeno texto defendo que a volta da confiança nas pessoas e nos governos resultará em mais felicidade, menos suicídios e como consequência, com sanidade mental e física, sim, muito mais desenvolvimento.
O Brasil e o mundo não suportam mais a divisão.

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