Elas funcionariam como uma grande festa de casamento onde as pessoas se
encontrariam e contariam suas últimas experiências, mostrariam fotos de suas
viagens, seus pratos prediletos, um certo exibicionismo particular e para
alguns, interessante.
Naturalmente, elas começaram a serem usadas de forma comercial, onde
as pessoas puderam demonstrar seus produtos e serviços e assim, gerar riqueza.
Os políticos aproveitaram essa tendência e começaram a se expor ainda mais.
Elas mudaram a forma de se fazer política no Brasil e no mundo, mas me
parece que os políticos ainda não perceberam a necessidade de um certo limite
de exposição.
Do vereador da menor cidade brasileira até o Presidente da República,
a grande maioria tem redes sociais e delas fazem uso quase que diário.
Alguns contrataram serviços profissionais para melhorar ainda mais a
sua atuação nas redes, o que é louvável.
Por outro lado, a maioria, esqueceu da importância de assessores de
imprensa, jornalistas, mediadores, gestores de crise e técnicos que com sua
racionalidade, poderiam evitar problemas para o seu cliente.
Diferente de outros países, aqui no Brasil, há um número ainda maior
de políticos e autoridades postando nas redes.
Vice-Presidente, Generais do Exército, Ministros do STF, Promotores de
Justiça, Juízes Federais, et caverna,
todos querem dar sua opinião, escrever uma frase de efeito e o pior de tudo,
como se diz no jargão moderno, querem lacrar nas redes.
Chegamos ao cúmulo de burocratas, servidores concursados, buscarem por
3 minutos de fama, que é o tempo médio indicado pelos especialistas para que um
vídeo seja visto.
Ao invés de buscarem soluções técnicas para problemas reais, resolvem
se expor nas redes de forma coloquial falando de todos assuntos.
Qual seria o interesse desses profissionais? O Brasil ou o impulsionamento
de sua carreira para as atividades privadas?
É bom que se diga que não há nada de ilegal nessa ação, porém, o risco
de cometer algum deslize e soltar uma informação que possa a vir mexer com o
mercado e as pessoas, é grande.
Creio que os políticos e autoridades não perceberam que existem graus
de responsabilidade para trafegar nesse meio.
Um caminhoneiro reclamando do preço do combustível terá pouca
repercussão e será visto como algo normal. Porém, o Presidente da República
tocando nesse mesmo assunto poderá causar um estrago que os brasileiros acabaram
arcando com as consequências.
Hoje em dia, discussões paralelas e sem importância, tal como o caso
da medição de forças entre Olavistas e Militares estão causando grandes estragos
na economia e na política do país.
A mídia, que poderia colaborar para uma discussão um pouco mais
elevada, se ocupa em dissecar as farpas trocadas pelas redes tornando isso um
assunto ainda mais relevante.
Os leitores da Folha de São Paulo, formado por pessoas de maior grau
de instrução e renda, não suportam mais esse tipo de assunto e isso foi tratado
pelo ombudsman na edição de 12 de maio de 2019 que afirmou que continuará dando
espaço para esse tema.
Se o interesse da Folha de São Paulo é a busca por cliques, está no
caminho certo! Porém, se esse órgão de imprensa deseja atender seus leitores e
o país, deveria se ocupar em assuntos mais importantes do que esse.
Em um país onde 13 milhões de pessoas estão desempregadas, com mais de
60 mil homicídios por ano e quase a metade da população sem saneamento básico
ser administrado e discutido através das redes sociais chega a ser ridículo.
A história mostra que as grandes decisões foram tomadas entre quatro
paredes (Gabinete de Guerra de Winston Churchill, na 2ª Guerra Mundial); que os
grandes estrategistas não expunham suas intenções aos adversários (Arte da
Guerra, Sun Tzu) e que o sábio ouve mais do que fala.
Me parece que os políticos e as autoridades brasileiras pensam bem
diferente do que a história nos mostra e o custo para o país e para eles virá
mais rápido do que se pensa.
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